A angina de peito ou angina pectoris é definida como uma dor torácica causada por isquemia do músculo cardíaco e divide-se em duas categorias: angina estável e angina instável.

Hoje falaremos sobre a angina instável, cujas características da dor são semelhantes às da angina estável (veja artigo específico aqui na nossa página) mas, a principal diferença é que ela não tem relação com um esforço físico fixo, podendo aparecer até mesmo com o indivíduo em repouso.
Também é considerada angina instável a dor torácica com características de dor cardíaca que teve início há poucos meses e que vem piorando progressivamente (ou que se tornou mais frequente, ou que tem sido de duração mais prolongada do que antes).
Sumário
E de onde vem a angina instável?
Sabe aquelas placas ateroscleróticas (de gordura) que comentamos quando falamos de angina estável?!
Pois é, na angina instável ocorre a chamada instabilidade da placa de gordura, com consequente ruptura da placa e formação de um trombo, com sub-oclusão ou oclusão total da coronária. Neste caso, ocorre uma isquemia – redução do fluxo de sangue oxigenado – da região do coração irrigada por aquela artéria acometida e a manifestação clínica mais comum é a dor torácica, mesmo em repouso.
Como é feito o diagnóstico?
A suspeita clínica inicial é feita com o relato de sintomas por parte do paciente, sendo o principal sintoma a dor no peito.
É essencial que a hipótese diagnóstica seja levantada e confirmada, para que o paciente receba o tratamento correto.
Deve-se dar especial atenção ao quadro clínico do paciente, avaliar detalhadamente as características da dor, a presença de fatores de risco cardiovasculares, história prévia de angina ou infarto agudo do miocárdio, ou ainda, doença arterial coronariana documentada por exame de imagem.
O diagnóstico da angina instável é clínico.
O eletrocardiograma (ECG) pode ser normal ou apresentar alterações sugestivas de isquemia miocárdica, como onda T invertida ou infradesnivelamento de segmento ST. Qualquer mudança no ECG, que chamamos de alteração dinâmica, indica maior gravidade. Os marcadores de necrose miocárdica, como a troponina, feitos através de exame de sangue do paciente, são normais.
Em resumo, ECG normal e exames laboratoriais normais não descartam o quadro de angina instável, por isso a anamnese e o exame físico feitos pelo médicos são primordiais para definir se a dor torácica daquele paciente é de origem cardíaca ou não.
E o tratamento?
A angina instável pode ser classificada como de baixo ou de alto risco e, em cada caso, a estratégia inicial de tratamento pode variar um pouco. O tratamento, na maioria das vezes, engloba a estratificação invasiva, normalmente através do cateterismo cardíaco. Neste exame, confirma-se a presença de placas ateroscleróticas nas artérias do coração e avalia qual artéria é a mais provavelmente responsável pelos sintomas do indivíduo.
Em geral, todos os pacientes terão indicação de receber antiagregação plaquetária e estatina, em alguns casos também é necessário o uso de anticoagulantes e outros medicamentos. Após a realização do cateterismo, de acordo com o que for identificado nas imagens, pode ser necessária a realização de angioplastia coronariana, que é a colocação de um stent na artéria do coração ou ainda de cirurgia de revascularização miocárdica. Por outro lado, em alguns casos pode-se também ser optado por manter apenas o tratamento com medicamentos.
Portanto é de extrema importância que o paciente procure atendimento assim que perceber os sintomas e que o diagnóstico seja rápido e a terapêutica instaurada de forma eficiente e precoce, a fim de evitar progressão para um quadro mais grave.
Referência
NICOLAU, José Carlos et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre angina instável e infarto agudo do miocárdio sem supradesnível do segmento ST (II Edição, 2007)-Atualização 2013/2014. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 102, n. 3, p. 01-75, 2014.