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Dissecção de aorta: entenda a importância de um diagnóstico precoce

Atualizado em 04/05/2022

A dissecção de aorta é uma condição potencialmente fatal e, por isso, o diagnóstico acurado e o tratamento precoce são fundamentais para a sobrevivência do paciente.

DISSECÇÃO de AORTA: entenda a importância do diagnóstico precoce | Dra. Simone Savaris

Para compreender como ocorre a dissecção da aorta, é necessário entender as camadas que formam a parede arterial. A divisão histológica da aorta se dá pela presença de três camadas: íntima, média e adventícia. A dissecção ocorre quando o revestimento mais interno se rompe, ocasionando influxo de sangue através de um orifício para a camada média. Isso faz com que haja uma separação entre estas camadas, ou seja, as camadas são dissecadas.

Há duas classificações para este quadro, a de Stanford e a de DeBakey. A identificação da localização do segmento de aorta dissecado é crucial, pois impacta no tratamento e no prognóstico.

A classificação de Stanford é a mais utilizada e divide os casos em:

  • Tipo A: quando acomete a aorta ascendente, independentemente do local do orifício de entrada, sendo considerado o tipo mais comum e mais perigoso;
  • Tipo B: quando acomete apenas a aorta descendente, em direção ao abdômen.

A classificação de DeBakey, por sua vez, categoriza a dissecção de acordo com o segmento da aorta comprometido e sua extensão:

  • Tipo I: a ruptura da camada íntima se localiza na aorta ascendente e a dissecção se propaga distalmente até pelo menos o arco aórtico;
  • Tipo II: é definido quando a dissecção se origina e fica restrita à aorta ascendente;
  • Tipo III: a dissecção inicia-se na aorta descendente e se propaga distalmente.

Quais sintomas podem sugerir este diagnóstico?

Os sintomas e sinais dependem da extensão da dissecção e das estruturas acometidas. Quadros assintomáticos são raros e, de maneira geral, o paciente relata dor torácica anterior de início súbito e de forte intensidade, tipo facada, que o obriga a procurar assistência médica urgente.

Nas dissecações do tipo B, a dor é relatada com maior frequência no dorso, podendo irradiar para a região torácica ou abdominal.

Quais os principais fatores de risco?

A hipertensão arterial sistêmica é o principal fator de predisposição, encontrada em 72% dos pacientes. O aumento abrupto da pressão arterial (PA) a níveis muito altos, como em usuários de drogas ou durante o esforço físico excessivo, por exemplo, associa-se com a ocorrência de dissecção.

Desordens genéticas, como as do colágeno (por exemplo, a Síndrome de Marfan) também predispõem à ocorrência de dissecção da aorta, principalmente em pacientes jovens, com menos de 40 anos.

Outras condições como: aneurisma de aorta prévio (principalmente se maiores que 5,5 cm), cirurgia cardíaca prévia e história familiar de doença da aorta também são fatores de risco.

Por que o diagnóstico precoce é determinante para o prognóstico?

Apesar dos avanços na área da medicina e da busca pelo diagnóstico e tratamento mais precoces, a mortalidade geral dos casos dissecção de aorta varia entre 25 e 30%. E, quando há acometimento da aorta ascendente, a taxa de mortalidade é de 1% a 2% por hora, nas primeiras 24 a 48 horas.

A suspeita diagnóstica deve surgir sempre que o paciente apresentar algum dos sintomas descritos acima, visto que o prognóstico está intimamente relacionado ao tempo entre o início do evento até o tratamento efetivo.

E por que existe o risco de morrer com esta patologia?

Sabemos que a aorta é a nossa maior artéria e a pressão sanguínea dentro dela é extremamente alta. Então, quando ocorre a sua dissecção, o fluxo de sangue exerce uma forte pressão sobre a parede do vaso, podendo causar rompimento da aorta e hemorragia grave, ou tamponamento cardíaco. Além disso, a dissecção pode impedir o fluxo de sangue para alguns órgãos, causando isquemia destes e complicações de acordo com o órgão acometido.

Afinal, qual é o tratamento?

O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. A definição da melhor estratégia de tratamento depende do tipo de dissecção e da apresentação clínica do paciente.

O manejo clínico é feito por meio do controle da dor, da frequência cardíaca e da pressão arterial, com objetivo de reduzir o estresse na parede da aorta e minimizar a tendência de propagação da dissecção e o risco de ruptura da artéria.

Nos casos de dissecção da aorta ascendente ou quando o paciente tem sinais de instabilidade hemodinâmica, em geral o tratamento de escolha é a cirurgia.

O risco cirúrgico também é alto e o paciente pode não sobreviver à cirurgia, por isso a equipe médica sempre discute em conjunto qual o melhor tratamento para cada caso e pesa o risco versus o benefício antes de definir.

Quando optado pelo procedimento cirúrgico, normalmente a aorta é reconstruída com um enxerto sintético em forma de tubo, substituindo a área dissecada da artéria e fechando-se a comunicação entre as camadas da parede da aorta.

REFERÊNCIAS:

DINATO, Fabrício José; DIAS, Ricardo Ribeiro; HAJJAR, Ludhmila Abrahão. DISSECÇÃO DA AORTA: manejo clínico e cirúrgico. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, [São Paulo], v. 28, n. 3, p. 260-266, 15 set. 2018. http://dx.doi.org/10.29381/0103-8559/20182803260-6.

PEREIRA, Adamastor et al. Dissecção da Aorta. In: BARROS, Elvino; FOCHESATTO FILHO, Luciano. Medicina Interna na Prática Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2013. Cap. 11. p. 87-94. 

Dra Simone
Dra. Simone Savaris
Cardiologista Clínica pelo Instituto de Cardiologia de Porto Alegre.

Especialista em Insuficiência Cardíaca e Transplante de Coração.

Fellowship em Cardiologia no no Mount Sinai Hospital (MSH) - Toronto.
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